FESTA DE SANTO ANÍBAL MARIA DI FRANCIA
Quem é o homem que foi chamado de Santo, quando faleceu no dia 1º de junho de 1927? Um de seus colaboradores, padre Francesco Vitale, escreveu: “chegaram camponeses das redondezas, trazendo lírios e outras flores; começaram a vir os amigos, os conhecidos e os admiradores; todos iam ver o Santo que dormia”(Cf. Vida e Itinerário Espiritual, São Paulo, 1992, p. 234).
Seria necessário realizar uma análise profunda a respeito de quem é o homem, Aníbal Maria. Do ponto de vista filosófico, poderíamos investigar a natureza e a realidade deste homem que nasceu em Messina, na Itália, em 1851. Desse modo, constataríamos aquilo que já conhecemos a respeito de sua cronologia, ou seja, sua vida e obras, seu itinerário espiritual, dada a importância de atribuir uma carga ontológica a esta pessoa, hoje Santo Aníbal Maria. Porém, não bastaria uma análise filosófica ou teológica do significado da pessoa de Aníbal Maria. Não basta conhecer a história da vida do Santo que festejamos. É preciso que este conhecimento investigue, perscrute, a partir de um olhar contemplativo para a figura, para a imagem deste Santo que veneramos e tanto amamos. O convite é literal: olhar fixamente para a imagem ou a figura de Santo Aníbal e, por algum tempo, contemplar e se perguntar: o que este Santo significa na minha vida?
Aníbal Maria Di Francia é o fundador das Filhas do Divino Zelo e dos Rogacionistas do Coração de Jesus, da Família do Rogate. Foi beatificado em 1990 e nominado como “precursor e mestre da moderna pastoral vocacional” (Cf. L´Osservatore Romano, edição em português, 14/06/1997). Canonizado por São João Paulo II, em Roma, no dia 16 de maio de 2004, é o profeta do Rogate e pode ser considerado também: “Patrono da Animação Vocacional”.
São inúmeros os atributos testemunhais que aproximam Santo Aníbal da realidade do mundo atual, neste tempo de pandemia, que atinge a humanidade inteira.
Santo Aníbal também enfrentou momentos dramáticos da realidade humana de seu tempo. Desde a infância, passando pela juventude e até a velhice, conservou incólume a resiliência diante das doenças, das perdas, nas adversidades e injustiças, nos momentos de desolação, dor e morte. Mesmo hostilizado num ambiente de inveja e incompreensões, a empatia sempre foi a sua marca registrada.
Entretanto considerando este tempo difícil de pandemia, causada pelo novo coronavírus, quando somos desafiados por todos os lados e em vários aspectos da condição humana, fazemos um recorte de duas das difíceis experiências humanas vividas por Santo Aníbal. A primeira foi a grande epidemia de cólera, em Messina (cholera murbus, 1887,) e a segunda foi a catástrofe do famoso terremoto de 28 de dezembro de 1908. Para não alongar a reflexão, vamos nos ater a esta segunda experiência vivida por Santo Aníbal, sobre o terremoto de 1908 que destruiu Messina, sua terra natal e local do início das obras. Diante desse segundo acontecimento, em poucos segundos a terra tremeu e tudo foi destruído, inclusive os Orfanatos Antonianos de Santo Aníbal. Ele estava em Roma, “ficou petrificado, e por alguns dias não conseguiu alimentar-se e nem dormir; uma chaga estava aberta em seu coração...”. Santo Aníbal escreve ao suplemento “Deus e o Próximo”: “Destruição total da nossa cidade. Pobres orfãozinhos e orfãzinhas! O que terá acontecido com eles? Será que Santo Antônio os salvou? Chorei os mortos... Aos meus olhos tudo havia terminado! Por um instante, um raio de esperança brilhava em minha alma anuviada e desaparecia. Meu coração estava oprimido; resignava-me à vontade divina...” escreveu Santo Aníbal.(Cf. VITALE, Francesco, Vida e Obras, p. 208). Mas, voltando a Messina, Santo Aníbal recomeçou tudo.
A santidade deste homem, Santo Aníbal, é para nós um testemunho de resiliência e se reveste de uma expressão muito utilizada: a vida que renasce das cinzas. Este homem é o Santo que continua vivo entre nós, dando-nos o testemunho de que as experiências da vida nos ensinam e a oração incessante gera vida e vocação. Quando tudo parece terminado, a vida renasce. Não percamos a esperança, jamais!
Santo Aníbal Maria Di Francia, rogai por nós! Enviai, Senhor, operários e operárias à vossa messe!
Pe. Geraldo Tadeu Furtado, rcj
Superior Provincial dos Rogacionistas
Província São Lucas